terça-feira, 16 de abril de 2013

Sempre lá


Desde pequena, é nos teus passos que sigo
Mais até, eu digo
Em você aprendi a andar
Passinhos nas calçadas, nas ladeiras,
Paralelepípedos com beira de matos
E você, aos meus pés, sempre lá

Lembro-me do esconde-esconde
De me achar, de me perder
E você, tal qual saia de mãe
Sempre lá, em muros e arbustos,
Pronta a me esconder.

Fui crescendo, e vejam só!
As mãos dadas – que mágica! - se foram
Agora eu andava sozinha, toda prosa, toda toda
Mas por entre frestas, grades e janelas,
Era você que eu espionava
E a quem eu perguntava:
Como podes, afinal, ser tão bela?
Deixa tua beleza de lado e me segreda teus mistérios?

Nas noites vazias, escuras
Sem estrelas, sem lua
A você eu pedia um abraço
E de longe, de uma luz só sua
De peito firme, de braços abertos,
Você acenava e me acalentava,
Calma, vai dar tudo certo.


Quantas aventuras e desventuras!
De pulmão cheio, eu gritava:
O mundo é meu! A cidade é minha!
Quero todos os amores, todas as noites, todas as vidas!
E, descalça, eu me molhava e corria e dançava
E você-  ah você - sempre lá,
Bem debaixo, logo em cima, em todo lugar.

Mas nem tudo eram amores
Também tinham os medos, as raivas, os dissabores
E, desgostosa, eu te xingava, sua tinhosa, perversa e preguiçosa!
Ainda vou fugir de ti, você vai ver só!
Vou pra bem longe, pra nunca mais, eu quero é paz.

Mas depois, logo depois, pros seus braços eu voltava
Afinal, pra que mentir
A bem da verdade, como fugir,
Se você sou eu, e eu sou você?
Minhas veias são tuas ruas
E elas juntas formam cidade.
Meu coração dá-lhe vida
E maravilhosa, ela palpita,
Plena de vida, sem piedade.



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